O tempo é inexorável – já disse uma vez o poeta. Passa. Como servir-se do tempo sem esperar o grande acontecimento que irá justificar toda uma vida? Dino Buzzati narra, em seu romance O Deserto dos Tártaros, a vida do tenente Giovanni Drogo e jovens oficiais que passam suas vidas em uma solitária fortaleza: o Forte Bastiani – ao norte da Itália.
Esperam ali  a invasão dos Tártaros. A expectativa de uma vida gloriosa defendendo  a nação dessa invasão.
Uma promessa sempre futura. Algo vai acontecer lá na frente. Espera-se. Podemos fazer um jogo de palavras trazendo a ideia de “desertar “ da vida diária ou ainda uma vida vazia – deserto. O livro foi traduzido para vários  idiomas é um grande sucesso literário. Em entrevista Dino Buzzati revela que o romance surgiu da sua própria inquietação e monotonia da época em que trabalhava no jornal O Corrieri Della  Sera.
No forte Bastiani os dias pareciam iguais. Uma névoa borrava a visão do horizonte – parece que Buzzati queria trazer com isso a ideia de encobrir uma visão de futuro. Mas os Tártaros estão se preparando para a invasão. Resta esperar. Dino Buzzati, em  um dos capítulos, com tom poético escreve sobre a passagem do tempo, momento em que o tenente Giovanni Drogo pela primeira vez, após chegar na fortaleza, se tranca no quarto e marca que a partir daí ficou para traz o viço da juventude e a percepção de que o tempo passava bem devagar…
O romance traz a ideia sempre de uma perda de ação. Esperar, esperar… e traz reflexões: O que virá mais adiante? O que escapa quando o sim é o descuido do não? Parafraseando Tom Jobim. Podemos fazer um bom uso ou des-uso do tempo?
Boa leitura!

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